Determinada a manter sua decisão de não aceitar indicações políticas para os órgãos reguladores, a presidente Dilma Rousseff deve retardar a escolha do novo diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo. Com o fim do mandato de Haroldo Lima, nome do PCdoB, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), iniciou uma ofensiva para emplacar no cargo seu apadrinhado e já diretor da ANP Allan Kardec. Dilma, porém, quer um condutor de caráter estritamente técnico e tem preferência pelo nome da diretora Magda Chambriard.
Como Sarney incluiu a nomeação de Kardec no pacote de negociações para as votações de fim de ano no Congresso, e a chance de sabatina e aprovação em plenário de uma indicação antes do recesso é remota, Dilma deve optar por deixar o assunto correr para não criar tensão a relação com o cacique do PMDB. Até porque o partido garantiu ao governo os votos necessários na apreciação do Código Florestal, da Emenda 29 (gastos para a Saúde) e da Desvinculação de Receitas da União.
- Lá atrás, a presidente afirmou que as diretorias das agências não estavam mais sujeitas a indicações políticas. Não mudou de ideia - disse um auxiliar de Dilma.
A ANP é apontada como feudo do PCdoB, e o PMDB tenta espaço. Não por acaso, esta semana, na costura de acordos para votação, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) reivindicou a indicação de Fernando Câmara para a ANP. Sarney inviabilizou o nome, afirmando que já tem candidato, e Raupp recuou. Em solenidade na ANP, ontem, Câmara disse que seu nome tinha sido consenso no PMDB, mas Dilma deixou claro que a vaga é da "cota pessoal".
Com a saída de Lima da ANP, Magda e Kardec passam a ser os diretores mais antigos (2008).
A presidente tomou a iniciativa de convidar Sarney para uma reunião reservada na quarta-feira, que durou uma hora e meia. Sarney não comentou nem com aliados próximos o conteúdo da conversa. Perguntado se as indicações entraram em pauta, Raupp desconversou:
- Pelo que fiquei sabendo, a presidente Dilma teria avisado que essas nomeações passarão para sua cota pessoal.
Magda é funcionária de carreira da Petrobras, atuou por anos na área de Exploração e Produção - cuja diretoria ela estaria almejando, no lugar de Guilherme Estrella. Em 2005, foi para a ANP, onde assumiu a Superintendência de Exploração. Participou das discussões do novo marco regulatório do petróleo, sob coordenação da então ministra Dilma, na Casa Civil. Foi quando conquistou a admiração da presidente, que hoje a considera o nome ideal para a ANP.
Até que Dilma bata o martelo, a vaga de Lima será ocupada por um interino, disse o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA). Lobão destacou que tanto a escolha do interino como a do futuro diretor caberão à Dilma.
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