Desde que assumiu a presidência da Vale, em maio de 2011, Murilo Ferreira decidiu concentrar os esforços da companhia em minério de ferro, níquel, cobre, carvão e fertilizantes. Os projetos nessas áreas vão consumir mais de US$ 100 bilhões nos próximos cinco anos e, como os negócios de óleo e gás são muito intensivos em capital, a direção da companhia não incluiu a atividade petrolífera na lista de prioridades.
Caso a mineradora venha a se desfazer dos ativos de óleo e gás, será mais uma ruptura na estratégia traçada por seu ex-presidente Roger Agnelli. A entrada da Vale no setor tomou fôlego em 2007, quando a empresa criou um departamento de óleo e gás. Em seguida, estreou na 9 Rodada de Licitações da ANP e comprou, com autorização da agência, participações de companhias privadas em outras áreas na Bacia de Santos e Espírito Santo.
Para analista, empresa deve priorizar negócios rentáveis
Uma dessas aquisições envolveu uma fatia de 40% em cinco blocos exploratórios da Shell na Bacia de São Francisco (MG). O negócio foi anunciado em fevereiro de 2011 - antes da posse de Ferreira -, mas só em 14 de dezembro passado a empresa deu entrada na ANP com pedido de cessão de direitos. A agência ainda avalia a solicitação.
Em 2010, a Vale divulgou estudo da consultoria DeGolyer & MacNaughton com estimativas de suas reservas de óleo e gás. Foram certificadas reservas potenciais de 210 milhões de barris na época e potencial de produção de 58 mil barris por dia em 2017. O volume é irrisório diante da produção nacional, hoje de 2,5 milhões de barris diários.
Mas o que Agnelli queria não era ser um ator de destaque na indústria do petróleo e, sim, produzir gás natural para consumo próprio, com o objetivo de reduzir gastos com energia. A Vale é a maior consumidora individual de energia do país. Para analistas, a estratégia fazia sentido nos tempos de Agnelli, mas hoje o cenário mudou:
- Temos uma crise internacional e uma forte demanda por investimentos em mineração. Se a Vale sair do setor de óleo e gás, poderá se dedicar aos negócios mais rentáveis - diz Leonardo Zanfelício, da Concórdia.
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