Já é fato comprovado a existência de petróleo na costa paraense, à altura de Salinópolis, onde a Petrobras vem trabalhando, desde o início do ano, em trabalhos de pesquisa. A dúvida que havia - e que ainda persiste - é quanto à viabilidade da exploração comercial do petróleo. Agora, até essa dúvida começa a desaparecer, diante de indícios repetidos, e cada vez mais fortes, de que as reservas de hidrocarbonetos do litoral paraense são comercialmente exploráveis.
Desde o primeiro trimestre a Petrobras já emitia sinais, por gestos e mensagens subliminares, de que evoluíam de forma satisfatória os trabalhos de exploração no litoral norte. Prova disso foram dois eventos realizados em Belém. No primeiro trimestre do ano, o seu gerente geral de avaliação e interpretação das bacias da margem equatorial, Otaviano da Cruz Pessoa, esteve aqui para um encontro com a imprensa paraense. Na palestra, proferida no Crowne Plaza, o executivo da Petrobras se mostrou otimista e confiante ao falar sobre as perspectivas quanto à possível existência de petróleo e gás na região.
Mais tarde, já nos primeiros dias de junho, a Petrobras reuniu em Belém um pequeno grupo de jornalistas convidados e lhes ofereceu um curso de informações básicas sobre a indústria do petróleo, cobrindo desde a fase inicial, marcada pelas primeiras descobertas, até os dias atuais. Ali ficou visível o interesse da empresa em buscar aproximação com a imprensa de Belém, mais notadamente com os jornalistas rotineiramente afeitos à cobertura econômica. É improvável que a estatal, antes sempre fria e distante, viesse a ter agora essa preocupação se não houvesse a perspectiva real da descoberta de hidrocarbonetos na costa paraense. Detalhe que, ressalte-se, não escapou na época à percepção da equipe do Diário do Pará.
Os fatos até aqui relatados, porém, eram somente indícios. Agora a situação começa a mudar com o aparecimento de evidências. Ainda na edição de ontem, o jornalista Mauro Bonna, sempre muito bem informado, noticiou, em sua coluna ‘Negócios', que já foi confirmada a viabilidade da exploração comercial do petróleo descoberto em Salinas. "Há petróleo viável na costa do Sal", afirmou a nota de Mauro Bonna. Acrescentou que, embora a ANP (Agência Nacional do Petróleo) demore no anúncio oficial, já foi concluída positivamente a abertura do primeiro poço.
O poço mencionado por Mauro Bonna é o Harpia, cuja escavação teve início em janeiro deste ano, em lâmina d'água de 2.060 metros. Localizado a 222 quilômetros de Viseu, em águas profundas, o poço Harpia teve sua profundidade final programada para 5.880 metros. Quando esteve em Belém, para o encontro com os jornalistas, Otaviano da Cruz Pessoa informou que, em ponto muito próximo ao primeiro, a Petrobras já havia programado a perfuração de um segundo poço exploratório, o Gavião, localizado a 216 quilômetros de Bragança.
Além da informação transmitida por Mauro Bonna, outro fato instigante foi a viagem feita esta semana ao Rio de Janeiro - depois de passar por Brasília - pelo governador Simão Jatene, para contatos com o BNDES e com a direção da Petrobras. Na volta, Jatene não disse a ninguém os assuntos tratados, mas surpreendeu os seus interlocutores com um ar de entusiasmo não muito comum. O seu silêncio, porém, vem sendo interpretado como guardião de boas notícias, que o governador, legalmente, está impedido de dar.
Se isso não bastasse, há ainda o relato de uma pessoa que esteve no barco da Praticagem da Barra do Pará, a bordo do qual retornaram a Belém os técnicos e geólogos da Petrobras que participaram diretamente dos trabalhos de escavação do poço Harpia. A bordo, segundo relatou o informante, prevaleceu o ambiente festivo, típico mesmo de comemoração. E, segundo ele, o que se ouviu foram palavras jubilosas confirmando a viabilidade econômica do petróleo descoberto na costa de Salinas.
Juntando-se todos os indícios, as informações coletadas aqui e ali e, a tudo isso somando-se os dados conhecidos desde a década de 1970 - quando se descobriram na região os primeiros depósitos de petróleo, na época considerados antieconômicos -, pode-se inferir que talvez esteja muito próximo o anúncio de importantes descobertas. O anúncio só pode ser feito pela ANP, em face dos rigorosos padrões de conduta impostos pela Comissão de Valores Imobiliários. Esse fato, derivado de norma legal, serviria inclusive de explicação para o silêncio da Petrobras.
De concreto, o que há é a crença, já solidificada no meio empresarial do Pará, de que a qualquer momento teremos finalmente a notícia que os paraenses mais velhos esperam há quase meio século. Se isso ocorrer - e aqui deve ser ressaltado que nada há por enquanto em caráter oficial -, teremos um elemento novo para chacoalhar a economia paraense e ampliar em muito as perspectivas.

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